terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Prevenir a obesidade

A obesidade, anteriormente considerada como um problema estético mais do que médico, é hoje reconhecida, pela Organização Mundial de Saúde, como um grave problema de saúde pública. O facto de estar a tomar proporções epidémicas nos países desenvolvidos, contribuindo para uma elevada morbilidade e mortalidade, leva a uma preocupação por parte dos órgãos de saúde. A prevenção da obesidade infantil deve ser realizada por uma equipa multidisciplinar que inclui nutricionista, médico, psicólogo, professores e população em geral.
A prevenção primária é a grande prioridade na luta do nutricionista contra a obesidade infantil, através da adopção de hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis, de forma a reduzir a longo prazo a obesidade e outras doenças crónicas associadas.A aplicação de medidas preventivas na obesidade infanto-juvenil depende da colaboração da família e das escolas. A grande dificuldade da prevenção prende-se com a falta de autonomia das crianças. Por este motivo, a aplicação de medidas preventivas na obesidade infanto-juvenil depende da colaboração da família e das escolas onde as crianças passam a maior parte do seu tempo. Estas proporcionam uma excelente oportunidade para prevenir e tratar a obesidade, uma vez que contactam regular e continuamente com as crianças oferecendo-lhes oportunidades para uma adequada educação alimentar juntamente com a promoção da actividade física. O cuidado e acompanhamento dos pais na alimentação das crianças tem grande importância para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis. A exposição aos alimentos consumidos pelos pais é um factor importante para a aceitação por parte das crianças de determinados alimentos e para a modificação das preferências alimentares. Desta forma, a educação alimentar deve passar sempre pelos pais ou pessoas responsáveis pela alimentação das crianças.
Ao nível da prevenção secundária, o nutricionista tem um papel fundamental no tratamento da obesidade, com o objectivo de incentivar a criança/adolescente obeso a desenvolver hábitos alimentares correctos para redução equilibrada de peso.Com isto, podemos afirmar que o nutricionista tem um papel fundamental na prevenção da obesidade infantil, no sentido de informar e encorajar as crianças, os pais e o ambiente escolar para a promoção de hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis, e deste modo prevenir a obesidade infantil.

Bem vindos


A obesidade é considerada um flagelo mundial que afecta com maior incidência os países desenvolvidos. Nas últimas décadas, temos vindo a assistir também a um aumento significativo e preocupante da obesidade infantil. Portugal não é excepção!!!
Perante a informação que é disponibilizada constantemente, ainda é pouca a sensibilização a sério para este problema, que a Organização Mundial de Saúde entende como epidemia. Parecem passar despercebidas a pais e Estado as consequências reais a longo prazo. Sobretudo quando se tem em conta que a alimentação incorrecta e a escassa prática de actividade física são a base desta situação, não só nos adultos, mas particularmente na população infantil.
Os maiores problemas relacionados com a obesidade infantil não são de ordem estética. Na realidade, as crianças com excesso de peso têm tendência para se transformar em adultos obesos e para apresentar precocemente doenças graves. Refiro-me a problemas cardiovasculares, níveis de colesterol e de triglicéridos elevados, problemas respiratórios, diabetes e mesmo alguns tipos de cancro. A obesidade infantil prejudica ainda a boa formação do esqueleto. Não menos importante é o factor psicológico, já que o facto de algumas crianças serem mais gordinhas é motivo de chacota por parte de muitos colegas, o que pode desencadear casos de depressão, entre outros.
Para inverter esta tendência é necessário, em primeiro lugar, uma mudança de atitude dos pais. É normal estes ficarem aflitos quando os filhos têm gripes, mas parecem ser negligentes quando se fala desta doença silenciosa. É importante que os pais e educadores percebam os verdadeiros riscos que decorrem da obesidade infantil. Após esta tomada de consciência, torna-se imperativa uma alteração dos hábitos alimentares: fazer uma alimentação repartida, variada e equilibrada, baseada em fruta, legumes, peixe e fibras, em detrimento da carne e de alimentos ricos em gorduras e açúcares. Fomente no seio da família actividades ao ar livre que obriguem ao dispêndio de energia. Encoraje actividades diárias simples como caminhar ou andar de bicicleta ao fim-de-semana, subir escadas em vez de usar o elevador ou brincar em vez de ver televisão.
A título preventivo seria ainda interessante que os órgãos públicos de saúde e de ensino considerassem a realização de campanhas educativas de orientação sobre os hábitos alimentares.

Factos:
- Há cerca de 40 anos, uma criança de 10 anos de idade pesava em média quase 5 kg menos do que actualmente

- Uma em cada cinco crianças europeias é obesa. Os dados são da organização mundial de saúde (OMS) e foram apresentados na Holanda, num relatório em que a OMS considera a obesidade infantil é, actualmente, um dos maiores problemas de saúde pública na Europa.

- Nas crianças dos 7 aos 9 anos de idade a prevalência da pré-obesidade + obesidade em Portugal é de cerca de 31,6%, sendo que as crianças do sexo feminino apresentam valores superiores às do sexo masculino.

- Em Portugal, cerca de metade das crianças possui excesso ponderal e três em cada dez sofrem de obesidade, estando uma destas em risco de obesidade mórbida.

- Segundo dados recentes (2004) e utilizando o IMC, a prevalência do excesso de peso e obesidade em Portugal é, respectivamente, de 44,1% e 14,5% para os homens e de 31,9% e 14,5% para as mulheres.

- “A situação é dramática. A preocupação da Organização Mundial de Saúde (OMS) com a obesidade já ultrapassou mesmo, em número de pessoas atingidas, a preocupação com a desnutrição”

- O vice-presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade realçou que, nos últimos seis anos, aumentaram em 29% os custos em Portugal com o tratamento da obesidade e doenças relacionadas.

Estes três últimos itens já não se referem a obesidade infantil, mas sim à obesidade verificada em indivíduos adultos. Caso não se tome medidas preventivas ou não se trate as crianças com excesso de peso, as estatísticas referidas nestes parâmetros serão num futuro próximo muito mais dramáticas e com custo enormes para um país que deixa as suas crianças crescerem sem educá-las!!!